12.9.08

Metrópole

São Paulo.
Hospício a céu aberto,
Loucura ministrada cotidianamente...
Dosagem: 4 horas de trânsito diário,
De Leste a extremo Sul.
Entre um e outro,
O infinito de semáforos indiferentes à nossa pressa,
E de luzes vermelhas à minha frente.
Pés no freio.
Um pássaro cortou o céu displicentemente
(Primeiro sinal de liberdade desta tarde acinzentada)
Suspiros e um olhar de relance para os lados,
Vidros escurecidos,
Visão escurecida.
Olhos fixos no caminho ainda não vencido
E no radar indiscreto pronto a punir minha urgência de viver.
Outro suspiro quase conformado.
O pássaro já deve estar em seu ninho e eu,
120 metros a frente,
Uma vida pela frente,
O infinito vermelho à minha frente...

(Uma flor rompeu o asfalto,
destemida e ingênua
Sem saber que encontraria além de nuvens de fumaça
A cruel indiferença humana)

A mesma mulher passa por mim todos os dias:
_Olha a água, suco, refrigerante!
_ Moça, tem porção de paciência?
(risos)
_ Vixi minha filha, essa acabou faz tempo! Quem sabe amanhã...

Sábia mulher.
Amanhã...quem sabe amanhã...

Por hoje me bastam os membros doloridos
Pelas muitas sirenes exigindo passagem,
Pelo mar de motoboys exigindo passagem
Pela infinidade de pedestres exigindo passagem...

Amanhã...quem sabe amanhã...

3 comentários:

Mario Ferrari disse...

lindo mesmo Vanessa!

como vc me parece muito cuidadosa,
veja as palavras acizentada (esqueceu o n)
e embaixo me basta (me bastam) outra vez o m.
Tá com alguma coisa contra essa letra, é? rsssssss.
Mas que é bonito isso o poema é!
Beijos

Anônimo disse...

São Paulo é complicada mesmo... sei bem, o que é isso. Perco 6 horas por dia com transportes!

:-(

Abraços

Elder::Marco

Manoel Virgílio disse...

Vanessa Estou tentando entrar em contato com vc, urgente. Trata-se da comunidade Luso Poetas que vc criou e que estará completando 2 anos amanhã. Faremos uma homenagem à criadora - você!!! Veja seu e-mail vanemarx ....... Meu abraço, Manoel Virgílio