Sou, a partir de sempre,
As esquinas asfaltadas
Da cidade fantasma
E que por precaução ou simples temor,
Ninguém cruzou.
Sou qualquer coisa,
Como o rio que secou
No verão passado
E que por abandono ou solidão,
Ninguém notou...
Sou hoje a soma
De tudo o que deveria ter sido
E não fui.
Por mera covardia de sentir a tempestade,
Por mera aflição da urgência não atendida,
Por mera e substanciosa preguiça de ser...
Sou como essas linhas céleres
Escritas sem cuidado
E que o tempo, como a tudo que existe,
Cuidará de destruir...
3 comentários:
Uau, Vanessa!
que arraso!
Que doloroso,
E que lindo!
LINDO!
Beijo minha poeta linda!
Tomo aqui a liberdade de deixar este antigo poema meu. Parece dialogar com o seu(ou serão monólogos paralelos...)
Cai Paris abandonada em meu já traçado futuro.
Nas areias dos milênios, o Egito também vejo em ruínas.
Vagando ao acaso entre as tumbas dos que jazem remotos,
Eu, a diáfana imagem da semelhança,
Contemplo a mais efêmera das guerras.
Escombros de plástico nas desertas calçadas,
As últimas lágrimas, a ferrugem das máquinas,
A desesperada busca inútil na escória, o amor e a glória.
Tudo é pó. Eu, Paris, o Egito e os fantasmas
A perambular na memória de novas e pretensiosas Alexandrias
Perdendo-se nas dunas do passado.
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Mas eu sou teimoso...
Vc também minha doce menina!
SOMOS POETAS! querendo ou não, é o que SOMOS...
Hoje conheci Vanessa Marques. Poeta, escritora, Princesa...
Li alguns dos seus escritos e, confesso, encontrei muita substância poética, esse material que é diretamente obtido por geração espontânea em um coração dilacerado.
Ah! Encontrei também muito conhecimento e discernimento. Palavras exatas.
E aqui, em Vanessa Marques, cabe muito bem uma frase que dediquei a um amigo poeta português, e que agora encontra lugar também, na definição de Vanessa Marques: É poeta! E o seu coração descobre as palavras que o seu pensamento sente
(Lustato Tenterrara).
Adiante, um pequeno comentário ao poema A partir de sempre, de Vanessa Marques.
Poemas como esses, escritos com o calor do tempo, do amor e da percepção, somente deixarão de existir acaso o próprio tempo finde.
Interessante. Estou no luso há um ano e pouco; Tu, há mais ou menos três: No entretanto não sabia de ti a existência.
Uma delícia ler Vanessa Marques. Teu blog Borboletras também. Poemas
enxutos, brilhantes delírios poéticos pensantes e loucos de amor pela vida. Fixados no decurso do tempo. Ah! O Tempo! Deus-Maior de todos nós viventes (embora Amon Ráh, o Deus Sol, o Rei dos Deuses, governe o destino também dos não-viventes).
Sei lá... Algumas de tuas frases, de teus versos, de teus pensares encontram guarida nos corações de quem os lê. Dizer, por exemplo (li no Blog), que talvez serias
feliz, não fosse o Destino, é uma conclusão belíssima para os versos
finais de um poema.
Encontro em teus poemas amor e tristeza; solidão... E uma esperança levemente utópica, pois parece não ser acreditada pelo teu 'eu-lírico'.
És poeta, Vanessa, e os poetas somos assim: prescindimos do 'escrever com cuidado', pois a poesia exala do perfume de teus pensamentos.
Tenhas certeza, Princesa, já és imortal em tua literatura.
Um beijo.
Lustato
Comentário de Lustato Tenterrara para o poema A partir de sempre, de Vanessa Marques.
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