24.3.13

Saudação

Luiz Vinicius do Nascimento

A ave silêncio segue o voo
Perfura o azul cinzento da nuvem
não vejo o desconhecido,
A demora aquece a esperança
Volta, acaba com essa angústia
costura o céu com seu bico agulha
Chamo e encontro
Ave palavra, cheia de graça, o silencio convosco grita azul.
O céu liberta a verdade que o céu carrega.
A sua verdade liberta o que ocê carrega.
Alegra-te

20.1.11

De Mario Ferrari


Palavra é vida

E vida de poeta
é ser palavreiro,
Artesão de encantos
Por viver.

Ps. Mario, esteja onde estiver, receba nosso carinho.

7.12.09

NÓS DE POESIA

A vida é feita de incompletudes,
Como os bares de mesas vazias
Nas calçadas
Ou as longas estradas
Repletas de nada dos dois lados...

Ainda assim, escrevo,
Mesmo sabendo que em mim,
Desatam-se nós de poesia
E atam-se outros em seguida...

2006

TEMPESTADES


Tudo em mim, são dias de tempestades,
Por isso entrego minha alma à poesia
E meus dias a escrever versos...
Meto uns poemas em velhas garrafas,
As levo para as águas intermináveis dos mares
- revoltos e tristes -
E as lanço, na singela esperança
De que um dia alguém os leia
Ainda que meus pés não estejam mais sobre este chão
E meu corpo tenha sido já lançado no ventre desta terra impura
E minha alma tenha também partido
- para a imensidão do infinito com que sonho,
ou para o abismo solitário que me amendronta...


2006

31.10.09

FAGULHA


E aqui estou.
Pequena fagulha de poesia em brasa
Vertendo palavras como pranto
Intocável, esplêndido, sagrado...

Mais uma vez caminho
Humilde camponesa das letras
Trazendo no colo os versos colhidos
Nas feridas abertas pelo tempo...

28.9.09

Sobre a importância da PALAVRA

(Vanessa Marques)

Palavra é uma lasca de vida!
É semente dormindo na terra...
Poetizar, é a arte da paciência,
De esperar que o verbo risonho
Vença a teimosia do chão
E venha ao mundo fazer folia...

Na palavra verdadeira fiz minha morada
Naquilo que digo, naquilo que penso,
Naquilo que escrevo,
Está um pedaço daquilo que sou.

Palavra é a ponte das almas
Por onde caminho até você,
E caminho com você.
Enquanto traço essas linhas
Vejo teus pés na outra margem
E teus olhos urgentes a me esperar.

A palavra verdadeira
É franca e transparente
Traz no traço a alma da gente
E uma vontade danada de ser mais
De aprender mais
De tirar o véu do mundo
De sentir um sentir profundo
De construir e viver a paz...

15.8.09

Luz e Trevas

Há muitos séculos a escuridão me habita.
Caminhos íngremes, espinhos, arranhões, lágrimas.
Duelos transcendentais se travam
Na arena da minha mente.
O assombro me assombra a alma.
Tudo estará perdido?

Haverá para sempre um abismo intransponível
Entre dois mundos ?
Corrupção ou Justiça.
Ódio ou Amor.
Traição ou Lealdade.
Morte ou Vida?

Arre!
Das trevas não quero, sequer,
Uma vaga lembrança...
Sinto-me imensamente grávida!
Gerando em meu ventre uma semente silenciosa
Um pequeno anjo ainda sem asas
(Um pequeno e silencioso anjo ainda sem asas...)

Sem dores ele não nascerá, bem o sei.
Rebento dos séculos...rebento de minhas incontáveis vidas...
Gero sim, a mim mesma, sob muitas outras perspectivas...
Vejo desaparecerem um a um,
Os monstros que comigo
Dividiam o chão frio e desumano das cavernas...
Obscuras cavernas...insensíveis cavernas...

Olho para fora do esconderijo em que me meti
E meu peito torna a se encher de vida!
O inesperado acaba por acontecer...
Sinto-me parir e sinto-me nascer.

Não. Nada há de se perder!
A esperança não há de se perder,
O amor não há de se perder,
Nem a paz ou o carinho,
Nem o cuidado ou o afago...
Nem a poesia ou a vida.

Sinto-me parir e sinto-me nascer...

20.7.09

O Tempo

Foi assim...
Um dia, quebrei as correntes do medo
E o encarei, face a face!

Olhei nos seus olhos imensos
Talhados sobre a eternidade.
Ele também me encarou
E como diante de um espelho
Pude ver em meu rosto os sulcos deixados
Pelo passar insensível de seu navio
Lento...suave...constante...

Confesso.
Naquele instante me rendi aos seus encantos...
E desde então tornei-me sua amiga de infância
O Tempo...

Tornou-se também meu cumpadre
Prometeu continuar passando
Mas agora com mais alegrias
Mais flores, mais vida.
E talvez menos pressa...

18.6.09

Alvorada

A grande musa inspiradora
Desfila indiferente diante dos meus olhos.
Fria e negra, assovia por entre os dentes
A cantiga ligeira que força a janela branca.

Uma tristeza-lamparina silencia.
Desperto com palavras nos olhos
E lágrimas na boca.

Vejo pelas frestas antigas
Caminhos que, de tão íngremes,
Tombam os mais valentes, um após o outro.

No céu, pelo monóculo alvo e translúcido
Entrevejo o universo...
Olhos fixos por um tempo que não preciso...

Um suspiro secular rompe as correntes
E um deus dourado emerge para a vida!

17.6.09

Sangra

Sangra no meu peito,
A imensa dor dos esquecidos...
Um salgado cortante fere-me a língua
E a noite, em véu estrelado,
Despe a lua grávida de sussurros.
Pelas ruas de navalha: uivos e murmúrios.
Homens e lobos confundem-se,
Numa intensa vida que nunca dorme.
Eu, alma em crisálida,
Pequeno rebento do silêncio,
Filha primogênita da ausência,
Resignada tomo a caneta
E traço essas linhas como quem ora...

27.5.09

Olhares

Olhares,
São como adagas,
Ferem a alma e os sentidos...tantos!
Sob a lua alta, vozes baixas,
E uma imensa necessidade de viver...

Os pés no chão, cravados na realidade,
Não detém a mente liberta,
Que ganhando o infinito
Vence a barreira do tempo.

Ponteiros com voltas intermináveis porém ligeiras
Têm apenas o céu como plateia
E entre um olhar e outro,
As noites atravessando a eternidade...

Mãos postas imploram por vida e por outras mãos...
Mesmo a esta altura, olho pela janela,
O sol resigna-se, ainda,
Por detrás do véu imenso ...

18.5.09

CAMINHA

O vento é leve
E (breve) toca meus pensamentos,
Com uma urgência toda divina e quase real .

Vem.
Pega na minha mão
E caminha com meu passar,
Sem conjecturas, temores ou (sequer)
Lembranças...
Pois assim,
Simplesmente existiremos,
Como deve-se existir e ser,
Com pureza, liberdade e (talvez)
Sonhos...

(11/2004)

DE PASSAGEM

Farpas e fendas
Em paredes mofadas,
Nos castelos de areia ao redor...

Passageiros - como vês-
De passagem como a vida
E como tudo na vida.
Temporários e breves.
Nada mais.

Mais que teu sentir a vida
É teu temer a morte,
Pois ainda que não devas,
Temes.

15.5.09

CRIAÇÃO

Sentimentos em desalinho
Pensamentos em ebulição
Poesia,
Instantes,
Esquecimento,
Abandono.

Criar é sofrer.
Sentir é rasgar-se,
Abrir a chaga quase curada...

Viver poesia é arriscar,
Mesmo sabendo que a derrota já aguarda
Espreita,
Sonda e por fim nos alcança,
Na ponta do lápis
Depois da última palavra escrita.
Na folha em branco,
Gérmens de poesia,
Aguardam, sorrateiros
O calor da ideia...